AULA04. Estratégias frente à ideia


Sobre este tema, foram escolhidas quatro obras do grupo de arquitectos Herzog & de Meuron, onde cada edifício terá uma estratégia (ideia) concreta e onde nenhum terá a mesma ideia.


A arquitectura de Herzog & de Meuron é uma arquitectura com volumes simples, prismáticos; abstracta e também ornamental em termos da forma, e usam a textura como um componente material.

1. Beleza (Fábrica Ricola, Mulhouse (FR) 1993)

As grandes palas que crescem em relação ao edifício vão ter relação com o jardim e com o urbanismo ao redor do edifício, servindo ainda de protecção na descarga para a própria fábrica.




Existe um movimento estético (betão) onde a água das chuvas desce sobre o betão criando uma ligação ainda mais forte com lugar.
O factor tempo actua segundo a água que recai sobre a fachada do edifício, criando musgos, vegetação e um certo cheiro.

A ornamentação do edifício alem do movimento estético que é criado pela água das chuvas, verifica-se também através da repetição de um elemento natural numa das fachadas para criar uma textura (folha).
A decoração interior é feita com os mesmos materiais da caixa (policarbonato que “veste” o edifício), criando uma relação do interior com o exterior.
A luz do dia torna a caixa compacta e opaca, durante a noite a luz ilumina o interior e a caixa torna-se muito mais aberta, realçando ainda mais o exterior.
A ideia do edifício está à volta da ideia de beleza, e nos jogos com os efeitos da repetição da serigrafia. Apesar de a caixa ser simples e prismática, contém muitas mais ideias dentro de si.

Os outros elementos observados no edifício são, de acordo com a estrutura, a caixa e a forma, as palas e o abrigo para os acessos aos armazéns, de acordo com o lugar, a ornamentação repetida e o natural e de acordo com a função, a empresa de caramelos e a própria fabrica que era parecida com uma caixa de caramelos (analogia).

2. Estrutura (Adega Dominus, Califórnia (U.S.A.) 1995-98)

Este edifício é uma caixa ainda mais simples do que a interior (uma espécie de contentor) que está na mesma direcção que as vinhas, ou seja paralelamente às mesmas, cuja geometria das vinhas é a mesma do edifício. Onde a ornamentação nada tem a ver com a geometria. A geometria apenas liga o edifício com o lugar. Apenas existe um buraco no meio do edifício que faz a ligação com as vinhas por onde passa uma estrada de um lado ao outro da propriedade ortogonalmente às vinhas e ao edifício.

A particularidade deste edifício está na estrutura, pois a grande preocupação nas adegas é a necessidade de manter uma determinada temperatura constante de cerca de 10ºC, e para isso é que são construídas numa cave, este edifício não contém nenhuma, pois a sua estratégia construtiva seria o desafio de manter a temperatura sem ter que escavar nenhuma cave. A solução consistiu em usar paredes com caixas de metal com pedras (gaviões) de diferentes tamanhos para manter a temperatura ideal de acordo com o tamanho das pedras.

A ornamentação é criada também por uma ideia construtiva que cria um efeito ornamental no edifício de acordo com a dimensão das pedras. Existe também uma relação maior entre o interior/exterior, onde de acordo com os diferentes tamanhos das pedras, a iluminação é feita de acordo os espaços entre elas. Pode dizer-se que existe uma qualidade ornamental.
A funcionalidade do edifício verifica-se na planta é dividida em três sectores, uma sala de fermentação, uma sala de barricas e um armazém.
O lugar está relacionado com a estrutura do material e a função para que foi construído ali e não noutro sítio (vinha).

3. Função (Projecto Olivetti (The Bank), 1993)

Este projecto de Herzog & de Meuron não foi construído, sendo um projecto fictício. Mas ainda assim, apesar de não existir, é um bom exemplo de funcionalidade, tendo como ideia principal, a criação de uma nova ideia de banco como contentor de dinheiro, onde cada contentor teria uma função concreta, surgindo assim a ideia da função.
Teria o edifício pensado, três andares, onde todos comunicavam no meio do edifício como ponto de encontro da combinação de cada contentor, onde cada um seria diferente e como já foi dito, concretamente diferente. Todo o edifício é como que lingotes de ouro empilhados a 90º cada um. Como que se fosse, em questões ornamentais, um monte de lingotes de ouro que estariam a representar o banco.

4. Lugar (Posto ferroviário, Basileia (Suíça) 1989-94)

O edifício é um bloco fechado. Onde a ideia do projecto é a convivência com o lugar onde está situado atreves desse mesmo bloco cúbico, onde a sua escala não é perceptível devido às lâminas de cobre que revestem o edifício, mais parecendo uma escultura do que um edifício. O material (cobre) está também relacionado com o lugar onde está integrado (carris). A ornamentação do edifício (lâminas) cria uma relação interior/exterior.

É constituído por um bloco de cinco andares de betão, e por uma superfície de cobre que vai sendo aberta nalguns pontos para sua funcionalidade, onde por dentro é possível ver-se o exterior e não o contrário, que muda consoante a noite para o dia. De dia ostenta ser uma caixa fechada e não permite ver o interior, de noite a luz das janelas dão uma melhor noção de escala e as faixas de cobre abrem-se completamente deixando ver o seu interior.

O edifício consegue mostrar como a forma de uma caixa muito simples com uma ideia concreta num projecto, e o uso correcto dos materiais e lugar, os objectivos arquitectónicos são muito fortes e faz com que o edifício nos crie muitas emoções arquitectónicas, isto é, que não fiquemos indiferentes a este gigante de cobre.