AULA 16. Abstracção e geometria


Os objectivos da geometria:
1. Simplifica o processo da criação: formalização da ideia – planta (utilitas)
2. Simplifica o processo de construção: repetição – firmitas
3. Contribui ao prazer visual da observação: imagem – venustas


A abstracção como objecto arquitectónico. Onde a abstracção apoiar-se-á na geometria para tentar mostrar a essência das suas formas.
Se conseguirmos compreender a essência, então conseguimos compreender as formas abstractas, isto é, compreender a geometria é o mesmo que compreender a essência.

Na abstracção, existe um elemento de carácter temporal, onde o artista deve compreender qual a essência de cada uma das partes e como elas estão relacionadas entre si, retirando a essência de cada uma das partes para serem mostradas. Na figuração, pretende imitar a realidade.
A geometria serve como ferramenta compositiva, que consegue criar regras de construção formal para criar uma ordem. Ordem essa, que está a relacionar cada uma das partes arquitectónicas para formar uma obra abstracta. Onde a essência está na capacidade de criar uma obra ordenada (regras geométricas).

Abstracção

A. Aplicando uma lei geométrica própria do edifício (regra complexa)

Casa Melnikov
K. Melnikov, 1922

Existe uma abstracção geométrica no volume. A formalização do edifício está a favor da lei geométrica. Não depende de questões relacionadas com o envolvente e o lugar, isto é, o mecanismo abstracto não está relacionado com o lugar, mas sim com a vontade do criador. Na planta é visível uma abstracção geométrica através das duas circunferências. É ainda usada uma lei geométrica com as janelas através de jogos feitos para dividir os hexágonos das janelas, mas apenas uma lei geométrica para as janelas.

B. Coexistindo várias leis num mesmo edifício relacionadas por:

B1. Sobreposição

Iwasa House
T. Ando, 1982

Tadao Ando mistura a dupla geometria quadrada com a circular. Criando assim uma sobreposição de formas. Várias regras geométricas que servem de mecanismo para todo o edifício. Cada uma das formas tem sentido (não são colocadas ao acaso). Gera-se uma mistura de muros curvos com muros rectos.

B2. Volta/rotação

Fisher House
L. Kahn, 1960

Existe uma regra ortogonal que é modificada pela rotação do edifício. Na planta pode ser verificada a quebra de uma das esquinas devido à intersecção das duas formas, criando visões diagonais. São criadas múltiplas perspectivas do edifício.

B3. Ao invés/enviesamento

Pavilhão Expo Paris, Paris
K. Melnikov 1925

São criadas visões diagonais. Pequenas voltas geométricas que variam consoante as percepções interiores. A planta está toda ao invés. Existem pequenos jogos para criar uma sensação mais dinâmica do elemento, jogos esses que criam dinamismo na planta.
Nas fachadas também é visível esse tipo de jogos/geometria.

B4. Translação

Museu das crianças
T. Ando

A mesma peça está transladada e virada ao contrário. Existe uma trama ortogonal de inserção do edifício no entorno. Este é um edifico composto por duas peças.

C. Várias leis independentes num mesmo edifício

Mercado de Santa Caterina, Barcelona
EMBT (Enric Miralles e Benedetta Tagliabue), 1997-2005

A projecção figurativa consiste no uso de referência, onde se vai poder transmitir uma nova sensação de maneira a que os espaços já não precisam da geometria nem da ordem, como na abstracção arquitectónica. Tudo define cada uma das partes.
Os sentimentos têm sentido na arquitectura figurativa. O elemento principal é a cobertura ondulada que cobre o mercado, que tem uma componente abstracta através de octógonos (pixelização) como regra geométrica pura e representa as cores dos vegetais.
Na fachada, existe uma forma fragmentada através de elementos de madeira que parecem quebrados.