AULA 12. Ferramentas Compositivas


Forma:
1. Form – Eidos (gr.): estrutura – essência (“a colher”)

Form é, como já foi visto, a constituição essencial do objecto, a estrutura/essência do objecto em termos da organização das partes.
Para Kahn, a colher era a forma essencial do objecto dividido em duas partes que depois vai ser materializado.
2. Shape – Gestalt (al.): imagem – figura (“uma colher”)

Shape é a aparência de um objecto. As formas podem transmitir diferentes sensações.
A seguir a esta introdução que faz a distinção entre os dois tipos de forma, percorremos um pouco por toda a história da arquitectura para observar os diferentes formas/estilos usados nos vários edifícios.

1. Antiguidade

Os problemas eram de ordem construtiva. Havia uma necessidade em fazer uma cobertura como protecção nas casas primitivas (uso da cúpula e da viga de madeira). A razão destas formas estava na funcionalidade dos elementos construtivos.

2. Mesopotâmia

As formas arquitectónicas existentes eram as falsas cúpulas e as construções rectangulares/cúbicas, o que permitia adicionar espaços para ampliar as construções. A sucessão de prismas colocados em altura originava uma cobertura plana, que permitia subdividir ou ampliar construções (o que irá ser predominante em toda a história).

3. Egipto
Da natureza eram extraídas formas para usarem nas construções, daí existir uma abstracção natural. Os egípcios tinham ideias de composição próprias, usavam muito a simetria. Havia uma ideia de proporção criando uma harmonia entre os volumes.
Foi o primeiro momento de abstracção arquitectónica.

4. Micénica

Começavam a aparecer construções defensivas (sobreposição de espaços), ou seja, uma forma dá função. Templos arquétipos. São criadas as cúpulas. Forma abobadada (condição material). É um povo que pensa no exterior.

5. Grécia

Arquitectura muito escultórica, observada nos templos através das ideias simétricas, da proporção, de elementos construtivos básicos, de uma essência formal que é mantida, através do espaço exterior ser mais pensado do que o interior (colunas, frontão, base) e de questões ornamentais que se verificam nas fachadas.
Os anfiteatros/teatros tinham formas que se verificavam devido à função, com medidas concretas e construções sem fachadas. Pois, não seria necessário pensar-se na fachada nem no espaço interior, visto que não existe.

6. Roma

Conjuga diferentes elementos construtivos básicos para criar novas arquitecturas, tais como o pilar e o arco, pontes, aquedutos, anfiteatros. É o uso de elementos formais básicos para chegar à relação entre a função e a forma. Existe ainda uma autonomia formal, pois cada elemento tem a sua forma. Cada elemento construtivo é independente entre si, pois cada um tem a sua função. Mas ainda não se verifica uma ideia de liberdade.

As termas romanas, tal como na mesopotâmia, cada espaço tem uma determinada função e cada espaço está ligado a outros, criando um universo unitário.

Existem questões de organização espacial (simetria). As novas cidades romanas começaram pelos acampamentos militares onde eram traçados eixos, definindo assim um critério de orientação das cidades, com dois eixos (vertical/horizontal) a partir de um ponto central.

Em Roma, a forma era tratada como ideia construtiva.
A cúpula do Panteão de Roma sugere a ideia de centralidade, onde a forma construtiva está por trás dessa mesma ideia de centralidade.

7. Românico

Nesta época existem menos meios económicos e técnicos (que vão sugerir novas ideias de cobertura). Verifica-se a passagem de uma planta quadrada para uma planta circular.
Existem várias possibilidades de construção estabelecidas, onde o exterior é o molde daquilo que acontece no interior.

8. Gótico

O sistema construtivo não está vinculado ao espaço interior. O interesse está em tirar os elementos estruturais do interior para dar a noção de leveza. A estrutura está fora do espaço, onde os pináculos são uma resposta estrutural e criação de uma nova forma arquitectónica que é depois reconhecida por quem a vê. Existe uma experimentação geométrica como criar proporções. Onde é criado um método geométrico para vincular as formas arquitectónicas umas com as outras.
Uma sucessão de espaços gera a criação de pináculos. A partir dessa sucessão, é criado um modelo geométrico e numérico, e anda se verifica uma procura de proporções para encontrar harmonia.

9. Renascimento

Os artistas queriam tornar tudo o mais real possível, em termos de proporção, relação com as partes, simetria, ordem e perspectiva (para compreensão do espaço de forma consciente).

O homem estava sempre no meio de tudo. Possibilidade de construção de relação entre as partes através da perspectiva. Existe um estudo da ideia da procura de proporção.
O modelo de cruz latina colocava o homem como referência histórica.

Santo Spirito, Florença
Brunellechi

É um edifício com proporções consistentes, pedra gris que contrastava com o branco para mostrar as proporções, onde o que interessava era o conhecimento do espaço interior, o interior é que era trabalhado.

10. Barroco

Existe uma tentativa para criar dinamismo e expressividade nos seus edifícios. Tentam que o homem participe no espaço. Por isso, usam a geometria para tentar mudar a percepção do homem frente à realidade.

S. Ivo alla Sapienza, Roma
Borromini

As novas cúpulas trouxeram uma quebra da coluna interior. Na qual existem questões geométricas, e a forma está vinculada na história como componente construtiva.
Além das novas cúpulas, existem jogos de perspectiva para mudar a forma arquitectónica, tais como, corredores muito compridos e pilares cada vez mais juntos.

11. Século XIX

Houve novos avanços tecnológicos, construtivos e materiais (vidro e ferro) que originou uma nova forma de entender a forma arquitectónica, com grandes arquitecturas de aço e vidro, e espaços mais amplos, onde o conhecimento de estética e geometria, permite a criação de interesse tanto no interior como no exterior.

12. Século XIX – XX
Art Nouveau (Modernismo)

É dada muita importância ao pormenor. Assiste-se à criação de formas orgânicas que unem a arquitectura com a natureza. E ainda à passagem das grandes construções de engenharia para obras com muitos pormenores que imitam a natureza. A condição material das coisas liga a forma final com os seus próprios esforços.

Gaudi, tenta imitar a natureza pegando numa tela e em fios para criar a forma dos seus edifícios.

Sagrada Família, Barcelona
Gaudi, A.

13. Século XX
As Vanguardas

A vanguarda muda totalmente a maneira como é entendida a realidade. Para os artistas, a arte não deve ser uma janela figurativa onde é mostrada a realidade, mas a janela deve fazer parte do quadro.
Na arquitectura, existem relações formais e proporcionais entre cada um dos prismas.

14. Le Corbusier
“A Lição de Roma”

Existe uma procura de proporções na forma arquitectónica. Onde estabelece a ligação dos elementos com a ajuda da geometria.


Na procura de proporções:


1. Pitágoras usa um modelo numérico que liga a arquitectura com questões matemáticas.

2. Platão procura formas puras e essenciais através de um modelo geométrico, através da teoria dos corpos simples como base exterior, o cubo, o tetraedro, etc.

Durante o Renascimento, houve uma tentativa de misturar os dois modelos num só, criando o número de ouro (rectângulo dourado).